Nome: Leonor Teles

Idade: 30

Profissão: Directora de Fotografia e Realizadora

As tuas duas últimas obras: Direcção de Fotografia – Mal Viver (João Canijo), By Flávio (Pedro Cabeleira) e Azul (Ágata de Pinho)

Realização -  Cães que Ladram aos Pássaros e Terra Franca

Onde e em que função trabalhas e qual é a tua situação profissional actual?

Trabalho sobretudo como directora de fotografia e realizadora. Faço diversos tipos de trabalho não só em cinema, mas também em televisão e publicidade, como freelancer.

Numa visão feminista, em que direcção está a evoluir o mundo profissional do Cinema e Audiovisual? 

Não tenho uma resposta clara para esta pergunta, quero acreditar que está evoluir para um caminho melhor.

Achas que houve mudanças positivas nas questões de igualdade de género, diversidade e equidade no Cinema e Audiovisual? Em caso afirmativo, quais?

Acho que o caminho ainda é longo. Posições de chefia ainda são maioritariamente ocupadas por homens, é uma luta diária e constante para tentar equilibrar a balança. Acho que um factor positivo é o facto de pessoas cada mais vez jovens e de classes sociais menos privilegiadas terem acesso à educação na área e consequentemente poderem filmar e partilhar as suas ideias. E pertencendo a outra geração, têm também uma mentalidade e sensibilidade diferentes para este tipo de questões.

Há alguma mulher/dissidente que te inspiras profissionalmente?

Lucrécia Martel sem dúvida, Claire Denis, Céline Sciamma, Andrea Arnold (realizadoras). Hélène Louvart ou Claire Mathon, como directoras de fotografia, e todas aquelas que se arriscam a pegar na câmara.

Como cineasta, como trabalhas os aspectos de intimidade (intimidade feminina) nos teus filmes? 

Acho que tem a ver com as relações que crio com as pessoas que filmo, sem elas essa intimidade nunca seria possível. Porque o nosso trabalho está na assente na confiança e na compreensão do que se está a tentar transmitir. Aliás, os meus filmes nascem precisamente da relação com as pessoas filmadas. A intimidade vem também do espaço que se cria para que as pessoas/personagens possam trabalhar, explorar, criar, dar-lhes confiança no que são e como fazer com que isso seja visível através da câmara. Vem também de um lugar de admiração, de encantamento, de paixão, de querer filmar aquela pessoa, de “elevá-la” ao grande ecrã. De ter a certeza que deste encontro vai surgir um filme. E, obviamente de amizade, porque no fim do filme as pessoas continuam amigas e isso é incrível.

O cinema dá cada vez mais espaço às mulheres para narrar novas perspectivas feministas e procurar sair do estereótipo. Como diretora de fotografia, que perspectiva/forma desejas contar visualmente?

Eu, como directora de fotografia, estou a concretizar a ideia de uma outra pessoa, estou a ajudá-la a conceber a sua visão do filme, qual a melhor forma de compor as imagens para contar determinada narrativa. Obviamente que tento sempre dar o meu contributo, no que diz respeito a tentar cortar com os estereótipo. Por exemplo, tento ao máximo não objectificar ainda mais os corpos femininos, tento explicar aos realizadores que filmar de maneira X faz com se perpetue uma determinada ideia depreciativa, e que podemos filmar de uma outra forma, provavelmente muito mais interessante e respeitosa para com as personagens e as pessoas. É um processo de muito diálogo, trabalho e discussão. Mas se fosse fácil, o problema já estaria resolvido.

Acho que devemos tentar ter mais personagens disruptivas, dissidentes, não normativas no ecrã e partilhar as suas histórias. 

Pessoalmente, acho que devemos tentar ter mais personagens disruptivas, dissidentes, não normativas no ecrã e partilhar as suas histórias, fazer com que sejam também ouvidas e vistas. Fazer com que existam mais oportunidades para que isso aconteça, criar esse espaço.

Os teus documentários têm como tema a comunidade cigana e a família. As protagonistas femininas nos teus documentários, como as descreverias? E qual é a tua relação com a comunidade?

Descrevo-as como incríveis, todas elas. Acho que têm um papel fundamental no seio da família e da comunidade a que pertencem. São uma força motora da qual o resto dos elementos dependem. São uma inspiração para mim.

A autora é nossa associada: Kathrin Frank 

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