Nome: Ana Sofia Fonseca
Idade: 43 anos
Profissão: Realizadora e Jornalista
Trabalhos recentes: Histórias com gente dentro (programa de TV) e Cesária Évora (documental)
Onde e em qual função estás a trabalhar? Qual é a tua situação profissional actual?
Trabalhar como realizadora é, sem dúvida, o que mais gosto de fazer. Desempenho também funções de produtora na Carrossel Produções.
Quais condições poderiam ser melhoradas para as mulheres na área do Cinema e Audiovisual?
Na sociedade em geral, as mulheres continuam a não ter os mesmos direitos do que os homens. E o cinema não é excepção. Acredito que é preciso fomentar a igualdade também nesta área, promovendo, por exemplo, o acesso à profissão, nomeadamente a áreas habitualmente consideradas mais de “homens”.
O que desejarias para o futuro no que diz respeito à igualdade de género e diversidade dentro e fora da tua área profissional?
Gostaria que não fosse tão fundamental colocar-se esta questão. Seria sinal de que a igualdade havia realmente passado do discurso para a vida de todos nós.
Há alguma mulher que te inspire profissionalmente?
Há tantas mulheres brilhantes que é difícil escolher apenas uma. Inspiram-me os filmes de Agnès Varda, de Sofia Coppola, de Lucrecia Martel… A música e a personalidade de Nina Simone. Cesária Évora. As palavras das mulheres da minha família: “Filha, uma mulher nunca depende de um homem”.
Qual mensagem deixarias às mulheres da área do Cinema e Audiovisual?
Vamos contar histórias, vamos contar o mundo como o vivemos. Vamos mostrar o nosso olhar. Um olhar que é “nosso”, mas que é o de cada uma - há plurais que carregam um universo inteiro de singularidades. Parir a MUTIM é um grande passo.
O que é importante para ti na construção das personagens femininas nos filmes que realizas?
Gosto particularmente de personagens femininas, de dar voz a mulheres (tantas vezes sem voz). Na construção das personagens, interessa-me sempre o lado mais subjectivo, a forma como se relacionam com o mundo, como experienciam os dias. Importa-me a intimidade, mas sem voyerismo. No caso concreto de Cesária Évora, quis perceber as suas fragilidades e forças, o seu amor à liberdade, a sua consciência social. A Cesária desconhecia conceitos como igualdade de género ou empoderamento feminino, mas a sua forma de viver era uma forma de luta contra preconceitos.
autora: Kathrin Frank
revisão: Lídia Mello